Engenharia e tecnologia deveriam andar juntas, mas todos sabemos que nem sempre é assim.
Na área de instalações prediais, um dos entraves históricos sempre foi a burocracia da solicitação de diretrizes e da aprovação de projetos em concessionárias (de água, energia e telefonia). Em alguns órgãos, principalmente do interior do Estado de São Paulo, a análise de projetos de instalações chega a levar um ano, entre protocolos presenciais e respostas a “comunique-se” (como são chamadas as reprovas no meio da construção), sempre acompanhados de montanhas de plantas com diversas assinaturas e autenticações em cartório.
O ano de 2017, felizmente, veio para aliviar um pouco essa situação e diminuir a quantidade de papel que geramos, com diversas concessionárias de São Paulo e interior do Estado iniciando processos online.
Dentre as maiores repartições, a AES Eletropaulo e Telefônica foram algumas das primeiras a adotar a análise digital de projetos na região da Grande São Paulo, ainda em 2015. Nos dois casos, o modelo escolhido foi simples e eficaz: os arquivos são enviados por e-mail em pdf, conforme o Comunicado Técnico 56 . A AES Eletropaulo exige ainda que os desenhos sejam assinados através de certificação digital, em um processo que, após alguns ajustes iniciais, hoje raramente apresenta falhas.
A empresa de telefonia pretende inclusive deixar de analisar os projetos ainda neste ano, processo que já se iniciou gradualmente e que inclui a publicação de um manual de projetos que está sendo elaborado em parceria com Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e Abrasip (Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais).
Na sequência, foi a vez de a Sabesp aceitar arquivos digitais. Após diversas reuniões com representantes dos projetistas, no início de 2017 foi publicado um novo Manual do Empreendedor que diminui em muito a documentação exigida para a concessão de diretrizes de água e esgoto. Disputas internas na concessionária, porém, fazem com que algumas regionais insistam em manter a burocracia da exigência de documentos autenticados, contrariando normas que deveriam valer para todos os processos.
No fim do ano, foi a vez de o Corpo de Bombeiros de São Paulo aderir à onda digital . O novo processo, por enquanto, só vale para projetos na capital, com área de até 5.000 m2 e sem sistemas especiais (controle de fumaça ou de resfriamento), mas a corporação promete estender o serviço ainda neste início de ano.
No apagar das luzes de 2017, a EDP Bandeirante deu início à análise online de projetos. O método escolhido, de upload em nuvem, ainda está um pouco “nebuloso” para os projetistas. Mas não há dúvidas de que se trata de um passo adiante.
E assim a engenharia se aproxima da tecnologia, deixa de lado a burocracia e todos ganham tempo, o bem mais precioso nos dias de hoje!