Os cerca de R$ 30 milhões que deverão ser gastos com a reforma do viaduto da Marginal Pinheiros, que cedeu durante a madrugada do dia 15 de novembro, representam quase cinco vezes o valor gasto pela Prefeitura de São Paulo com a manutenção de todos os viadutos e pontes da capital de janeiro de 2014 até hoje.
Nesse período, a prefeitura desembolsou R$ 6,1 milhões com a recuperação e reforço desse tipo de estrutura. É o que aponta levantamento feito pela GloboNews com base na Execução Orçamentária e Financeira da prefeitura, atualizada diariamente pela Secretaria Municipal da Fazenda.
De acordo com a pasta, entre 2014 e 2016, quando a prefeitura era administrada por Fernando Haddad (PT), nada foi gasto com o que o Orçamento municipal define como Recuperação e Reforço de Obras de Arte Especiais – OAE.
Em 2017, quando João Doria (PSDB) era prefeito, foram gastos R$ 1,5 milhão, enquanto neste ano o gasto com a manutenção dos 185 viadutos e pontes da capital paulista foi, até esta quarta-feira (19), de R$ 4,6 milhões.
Nesta segunda-feira (15), o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou o plano de obras para recuperar o viaduto, que devem durar cinco meses e custar cerca de R$ 30 milhões. As obras incluem o alargamento da cabeça dos pilares em todo viaduto, a reconstrução dos pilares afetados e reparo das vigas e de outros dois pontos afetados.
As gestões de Bruno Covas e Fernando Haddad se posicionaram sobre o tema por meio de nota. Veja as íntegras abaixo:
Gestão Bruno Covas (PSDB)
“Como vem afirmando o prefeito Bruno Covas, a Prefeitura assumiu a responsabilidade pela recuperação do viaduto da Marginal de Pinheiros, investimento que será feito com recursos próprios. A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras informa que houve aumento do valor empenhado em intervenções em Obras de Artes Especiais (OAEs) neste ano (R$ 9.547.855,62) em relação ao ano passado (R$ 2.924.156,34).
A SIURB tenta realizar, desde o ano passado, laudos estruturais em 33 pontes e viadutos que merecem mais atenção. Duas licitações chegaram a ser lançadas, mas a secretaria suspendeu os processos após questionamentos do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, o qual exigia que as empresas fossem contratadas pelo menor preço. Por ser um trabalho especializado, a pasta não abriu mão de que os certames fossem realizados por preço e capacidade técnica.
Em 9 de novembro a SIURB lançou a licitação para contratar os laudos das 33 OAEs. Por este motivo, não foi possível investir os R$ 44 milhões previstos no orçamento para os laudos e recuperação das pontes e viadutos.”
Gestão Fernando Haddad (PT)
“Passados quase dois anos e a atual administração ainda não aprendeu a lidar com a cidade de São Paulo. Atribuir alguma responsabilidade à gestão anterior é no mínimo irresponsabilidade. De acordo com a própria Defesa Civil estadual, as placas do viaduto sofreram dilatação, o que provocou o desnível. O secretário Machado Neto definiu como uma situação atípica e o engenheiro Marcos Penido qualificou como uma questão pontual. Como diante deste quadro atribuir responsabilidade a gestão anterior? O ocorrido foi fruto de um acontecimento inusual e inédito, e um canteiro de obras da CPTM. Deve sim ser apurado, para que não ocorra em outros locais da cidade.”
Por Léo Arcoverde e Gabriel Prado, GloboNews — São Paulo.
Fonte: G1