Desde algum tempo (não muito), o acrônimo BIM vem se popularizando no setor da construção no Brasil. Persiste, porém, os entendimentos equivocados sobre o que ele significa na prática. Até certo ponto isso é natural pois é uma inovação tecnológica radical ou disruptiva, que exige um grande esforço de mudança cultural, mais importante até que os investimentos financeiros necessários.
Nesse caso, mudar de tecnologia não é apenas adquirir novas máquinas e aplicativos, essa é a parte fácil, mas é necessário alterar processos, procedimentos e a mente das pessoas envolvidas, essa questão mais difícil.
Com frequência fala-se das diferenças entre CAD e BIM, sendo alguma das mais referidas:
- CAD necessita de diversas “traduções” entre 2D e 3D, enquanto o BIM é sempre em um ambiente 3D;
- CAD é um processo linear assíncrono, enquanto o BIM é um processo simultâneo, síncrono.
A estes aspectos somam-se os benefícios derivados do uso do BIM, a melhor acurácia de projetos, em particular nos orçamentos e no planejamento da obra, etc.
Essas afirmativas estão corretas, porém a principal diferença entre esses processos é outro ponto, a ação colaborativa, o desenvolvimento simultâneo e compartilhado de todas as disciplinas.
Isso porque em tese seria possível termos simultaneidade de trabalhos mesmo em um processo CAD e boa parte dos benefícios do uso do BIM podem ser obtidos com um processo de projeto de melhor qualidade e nem sempre o BIM é garantia de sucesso. Por exemplo, ao contrário da ideia comum, um quantitativo BIM só será preciso se a modelagem e a classificação dos objetos estiverem corretas. O uso de processo BIM por si só não garante os bons resultados, apenas facilita atingi-los.
Na verdade, o principal fator de sucesso no BIM e sua maior diferença em relação ao CAD é a capacidade de comunicação e de entendimento entre a equipe de projeto, algo que passa por planejamento do processo de projeto, definição de objetivos comuns, inclusive terminologia e classificação e claro, das ferramentas que serão usadas. De tudo isso depende a interoperabilidade entre parceiros e seus aplicativos, fator crucial para uma comunicação eficiente e eficaz.
Esse planejamento pode ser completamente formal e estabelecido em um Plano de Execução BIM, que pode ser um documento detalhado e complexo ou simplesmente, no caso de equipes menores e que tenham um histórico de trabalho em comum, algo que se estabeleça em comum acordo, verbalmente e em alguns poucos documentos de referência, por exemplo em templates ou arquivos base de projeto. Neste contexto se destacam as ferramentas de comunicação e coordenação que serão utilizadas (tais como REVIZTO, BIMSYNC, BIM COLLAB e outras similares) pois vão constituir, para além de sua finalidade precípua, a memória do processo decisório do projeto, preservando o conhecimento desenvolvido e acumulado durante sua execução, com fantástico valor agregado futuro para todos os envolvidos.