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Pré-construção: o uso do BIM associado a ferramentas de otimização

No Brasil ainda não se estabeleceu uma visão integrada e pragmática da pré-construção, apesar da relevância do tema para a construção civil

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Iniciativas para a aceleração do setor de engenharia e construção através de startups que exploram a tecnologia e a inovação (impressão 3D, realidade virtual e aumentada, pré-construção associada ao BIM, internet das coisas (IoT), automação, uso inteligente de robôs, drones autônomos e scaners, além do emprego crescente de aplicativos e softwares de gestão e controle de projetos e da produção) estão no cardápio de oportunidades para ganho de produtividade e eficácia e devem ser exploradas e implementadas, em contraposição ao modelo tradicional de gestão de projetos e de construção que há um bom tempo deixou de fazer sentido.

Lamentavelmente, atrasos de projetos e de cronogramas de obra, com consequente aumento do custo dos empreendimentos ainda são frequentes. Estes atrasos afetam não somente a competitividade, a produtividade e a atratividade do setor, mas geram também desgastes para clientes e investidores, que passam a optar por outros investimentos em negócios com maior segurança na obtenção dos resultados planejados.

Minha experiência com o emprego do Building Information Modeling ou Modelagem da Informação na Construção (BIM) se fundamentou no setor de engenharia, construção e incorporação, na etapa de pré-construção, através da implantação da primeira célula de BIM no setor privado em uma construtora, em 2008.

Posteriormente ampliei o uso destes processos em estudos de viabilidade e no orçamento, planejamento e controle de produção de empreendimentos diversos na área de Real Estate em duas incorporadoras, onde também tive a oportunidade de implantar o BIM, com resultados sempre muito positivos nos estudos de engenharia, reunindo um conjunto de informações multidisciplinares sobre os empreendimentos, desde a concepção até as fases de uso, operação e manutenção.

Estudos de logística de canteiro e do sequenciamento da construção ou montagem têm sido muito úteis na escolha da melhor alternativa para garantir eficácia, produtividade e, consequentemente, o menor prazo e custo de produção, também explorando processos, ferramentas e softwares BIM.

Por outro lado, ainda não se estabeleceu uma visão integrada e pragmática da pré-construção, apesar da relevância do tema e do emprego mais frequente deste termo por pesquisadores, professores, consultores e algumas construtoras brasileiras. A pré-construção é objeto de citações bibliográficas desde 1850, mas foi a partir de 1980 que ganhou ênfase na indústria da construção, através de iniciativas de organizações como o Construction Industry Institute.

Para contextualizar os fundamentos desta área de conhecimento, tenho sugerido a seguinte definição: 

“Pré-construção é o conjunto de atividades e serviços realizados previamente à etapa de produção (execução da obra ou construção), desde a fase de concepção do produto ou projeto, compreendendo o estudo de soluções de engenharia e das diversas interfaces, bem como o desenvolvimento paralelo de estimativas de custo, o estudo de viabilidade, o planejamento e o orçamento detalhados de um projeto integrado de construção, garantindo a sua eficácia e construtibilidade”.

pre-construcao

Pré-construção e BIM

Feitas estas considerações, dentro de uma visão mais moderna, um caminho de desenvolvimento tecnológico que se apresenta como uma solução consistente é explorar o uso do BIM como processo integrador para a gestão da pré-construção (de forma associada à Engenharia e Análise do Valor, Lean Construction e Target Costing) e da produção, com o objetivo de agregar valor e aumentar a atratividade dos empreendimentos, através dos seguintes benefícios:

  • Antecipar incertezas, já no concept design e nas fases preliminares de projeto;
  • Definir, ainda em etapas preliminares do projeto, o budget e o prazo para desenvolvimento e início da operação do empreendimento;
  • Influenciar na obtenção dos menores custos e prazos, reduzindo riscos bem como a quantidade de mudanças e custos inesperados com consequentes alterações do cronograma, durante a execução da obra;
  • Reduzir os riscos de implementação dos projetos pelo aumento da eficácia e confiabilidade dos processos construtivos, além da redução da imprevisibilidade;
  • Garantir a integridade da produção e a obtenção da produtividade planejada;
  • Dominar informações relevantes para maior suporte ao cliente na tomada de decisões, avaliando diferentes cenários e optando pela melhor solução, definindo ainda a estratégia de contratação mais adequada aos seus propósitos;
  • Possibilitar a execução de projetos de maior nível de complexidade. A simplificação dos processos resultará em menor necessidade de planos de contingência e na redução de desperdícios, com melhoria da qualidade do produto final, menor índice de retrabalho e ainda, custos menores com serviços em garantia (pós-obra).

A compreensão do valor destes benefícios e a prática destes conceitos está diretamente relacionada à satisfação do cliente, uma vez que permite o alcance dos objetivos e metas estratégicas para seu negócio, aumentando a atratividade dos empreendimentos no setor de engenharia, construção e incorporação.

Sem este esforço e sem evoluir na industrialização, pouco avançaremos nas transformações que teremos que implementar para mudarmos de patamar e atuarmos dentro de padrões de produtividade e qualidade característicos dos setores mais modernos, produtivos e rentáveis da indústria.

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