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Por que implantar o BIM?

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A difusão do BIM vem crescendo rapidamente, impulsionada tanto por usas vantagens intrínsecas como por políticas de Estado que torna sua adoção obrigatória para a maior parte dos projetos. No Brasil em 5 de junho deste ano foi publicado decreto instituindo o “Comitê Estratégico de  Implementação  do Building   Information   Modelling”, “com a finalidade de propor, no âmbito do Governo federal, a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling – BIM”. A expectativa é que em breve aqui também seja exigido o BIM em projetos financiados pelo Governo Federal.

Assim, uma das respostas à questão do título seria “porque sou obrigado!”. Este já é o caso daqueles em que o cliente optou pelo BIM e terão que atender a este requisito para não perder mercado. Mas esta é uma postura perigosa, pois tudo que fazemos obrigados corre sério risco de ter resultados negativos… Assim, antes de questionar ou adotar o BIM é conveniente conhecer suas vantagens e ter bons motivos para implantar este novo processo de projeto.

Para isso em primeiro lugar temos de diferenciar os usuários, pois cada grupo tem interesses diferentes. Basicamente podemos ter quatro categorias:

  1. Organizações que desenvolvem projetos, sejam pequenos escritórios ou empresas de consultoria;
  2. Construtoras, sejam as que contratam projetos ou as que executam projetos de terceiros;
  3. Uma organização que empreende projetos, como uma incorporadora, e contrata as obras a terceiros;
  4. Um proprietário, que será também operador da edificação construída, direta ou indiretamente.

Embora dentro de cada categoria haja pequenas divergências decorrentes de porte ou mercados específicos podemos identificar fortes pontos comuns em cada uma delas.

Projetistas.

Na primeira, a dos projetistas temos uma percepção interessante: numericamente são a maioria dos usuários atuais e a difusão neste segmento tem sido relativamente rápida. Isto se deve, aparentemente, a uma questão central: para eles o BIM é sinônimo de aumento de produtividade e rentabilidade, mesmo que não seja um BIM de fato, mas apenas o uso dos aplicativos de projeto BIM.

A melhor rentabilidade deriva de dois fatores, a produtividade de um posto de trabalho BIM, que torna possível equipe menores, com menor consumo de homens hora no projeto e menor prazo de entrega, e a melhor acurácia dos projetos, que passam por menos revisões após a entrega, reduzindo os custos. Este último fator tende a ser incrementado à medida que o projeto tenha a maior parte de suas disciplinas efetivamente integrada através do BIM.

A maior produtividade compensa inclusive o custo mais elevado do posto de trabalho. Se contabilizarmos os custos dos microcomputadores, mais potentes e caros no caso do BIM e dos profissionais, também mais valorizados, teremos um custo hora aproximado de R$2,43 relativos ao micro, acrescido de R$10,83 das licenças mais R$88,88 do arquiteto (nível 2), num total de R$102,14. Já no CAD seriam R$ 1,39 do equipamento, R$1.33 do software e R$62,22 do arquiteto nível 1, totalizando R$64,94, ou seja, o posto de trabalho BIM teria um custo em torno de 60% acima do posto CAD. Mas a produtividade do posto BIM, segundo diversos estudos seria entre 60% e 100% acima, ou seja, ao menos compensaria o valor ou mesmo já apresentaria ganhos. É claro que estes valores variam muito em função das condições de contratação e dos tipos de projeto, bem como da metodologia de execução no BIM. Projetos de geometria mais complexa ou mais padronizados em termos de opções construtivas terão produtividade mais elevada.

Mesmo que no posto do trabalho haja empate o diferencial de acurácia e a redução de revisões é sem dúvida um ganho importante, seja monetário, seja pela melhoria da imagem e competitividade da organização. Assim, os projetistas devem assumir o BIM por fato simples: serão melhor remunerados!

Evidentemente que ganhos de produtividade não aparecem no primeiro projeto, ao contrário este deve ter custo mais elevado, mas a curva de aprendizado no BIM é relativamente rápida e a maior parte das empresas de projeto relatam vantagens já no segundo projeto. Além disso é preciso monitorar a implantação, controlando o rendimento por posto de trabalho por mês ou outra medida de tempo, bem como o índice de horas técnicas / m² , sem esquecer de utilizar uma classificação tipológica de .projetos  para equalizar este indicador

Construtoras

No estágio atual de difusão e usos do BIM esse é o segmento que tem ganhos concretos contabilizados em diferentes estudos, como o apresentado pela DR, empresa chilena, apresentado no ENIC 2016: 234 projetos em BIM para escritórios, varejo e indústria com custo de construção entre U$5 milhões e U$50 milhões, obtendo economias entre U$250.000,00 e U$2.500.000,00 por empreendimento, ou seja, em média uma economia de 5%. Mas é um estudo no contexto chileno, onde as construções têm maior índice de pré-fabricação.  Como temos poucas obras realizadas a partir de projetos BIM no Brasil ainda não existem indicadores com base tão ampla.

Uma simulação tomando por base a execução das instalações demonstra o potencial do BIM na realidade brasileira:

Segundo pesquisa da FINEP/USP[1] as perdas de materiais de instalações oscilam entre 11% e 29%. Como as instalações equivalem a cerca de 12% a 18% do custo da obra, se adotarmos as médias, 20% e 15%, em uma obra de R$30 milhões, isso significa um custo de R$900.000,00 nestas perdas. O BIM reduz estas perdas a quase zero, mas mesmo que ainda sejam de 5% ele vai gerar uma economia de R$600.000,00 nesta obra!

Existem ainda alguns relatos de ganhos decorrentes do BIM por construtoras, como o da A CCDI-Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário, no Prêmio Bim SINDUSCON SP indicou que atingiu 99% de assertividade nos custos e 92% nos prazos, com redução de 16% no tempo de pessoal dedicado ao controle direto da obra.

Devido a estes ganhos hoje em dia temos um grupo significativo de empresas que optaram pelo BIM, incluindo a SINCO, TECNISA, GAFISA, MÉTODO, MRV, JHSF, entre outras.

Organizações que empreendem projetos

Aqui se incluem as incorporadoras sem departamento de construção nem de projetos. Elas subcontratam quase tudo, mas em geral reservam para si a coordenação dos projetos e o gerenciamento ou supervisão das obras. Ainda que em alguns casos terceirizem tudo elas ainda detêm o controle do processo, pois podem especificar como desejam os serviços. Isto traz possibilidades de ganhos em todas as etapas, desde o projeto até o final da obra.

No projeto haverá os ganhos de maior acurácia e menores prazos, bem como a possibilidade de quantitativos de serviços para servirem de base a orçamentos mais precisos e coerentes, além de uma série de produtos opcionais para apoio à comercialização futuram, como “passeios virtuais” no empreendimento, visualização 3D em óculo que se realizados a partir dos arquivos BIM tem custo muito reduzido e podem contribuir para uma maior velocidade de venda.

Já o orçamento e o planejamento e controle da obra com uso de BIM vão resultar em menores custos de contratação da obra e maior segurança no cumprimento dos prazos e custos finais.

A Empreendimentos Imobiliários Santa Clara, empresa carioca que recebeu o Prêmio BIM do SINDUSCON SP em 2016 na categoria “CONTRATANTES” obteve ganhos significativos ao contratar a obra, pois o uso de quantitativos BIM reduziu a variabilidade das propostas, que inicialmente beiravam 50% para 16% e terminou por conseguir preços 5% abaixo da meta planejada. Infelizmente como o mercado está muito deprimido ela optou por retardar as obras, de modo que não foi possível verificar os ganhos posteriores.

Proprietário / operador

Neste caso temos indústrias, empresas de saúde como laboratórios e hospitais, operadores de shoppings e de galpões de logística e instituições públicas. São o grupo com maior potencial de ganho, pois podem se beneficiar das vantagens de implantar sistemas de Facility Management aproveitando diretamente os dados do modelo BIM e mantendo-o atualizado para eventuais intervenções e reformas na edificação. Ainda não temos, no Brasil, casos relatados destes ganhos, pois foram muito poucos casos, mas seguramente eles conseguirão os ganhos apontados para as organizações da categoria anterior, acrescidos de ganhos durante todo o tempo de vida da instalação.

No caso das indústrias temos um aspecto importante a destacar, a facilidade de integra os projetos eletromecânicos com o BIM, pois os softwares mais comuns, como o SOLIDWORKS já tem esta possibilidade de exportação de seus componentes para aplicativos de projeto como o REVIT. E a partir daí é possível simular toda a execução do empreendimento, verificando possíveis falhas de projeto ou de planejamento.

Conclusões

Como vemos o BIM traz vantagens a todos, ainda que de modos diferenciados. Em comum, a implantação resulta em maior segurança de prazos e custos no empreendimento. Porém vale lembrar que a implantação de BIM deve ser cuidadosamente planejada, pois já temos exemplos de fracassos. Mas isto será o tema de nossa próxima conversa!

[1] Pesquisa FINEP “Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de obras”, disponível em http://perdas.pcc.usp.br/ , acesso em 01/07/2017

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