O Brasil já conta com uma norma de requisitos e procedimentos para pavimentos permeáveis de concreto, a ABNT NBR 16416 publicada em 2015. A norma é um importante instrumento para quem deve projetar, executar ou fiscalizar esse sistema, especialmente para o poder público. A norma contempla métodos de avaliação de desempenho de infiltração do pavimento permeável, essencial para o seu bom funcionamento.
O texto inicia definindo pavimento e pavimento permeável, ressaltando a importância de resistir esforços mecânicos, prever segurança e conforto ao mesmo tempo que permite a percolação de água em toda a sua estrutura. São contempladas como opções de revestimento as peças de concreto para pavimentação intertravada, podendo ser do tipo juntas alargadas, áreas vazadas ou de concreto permeável, placas de concreto e concreto permeável moldado in loco.
A seção tipo pode ser de três modalidades dependendo da tipo de infiltração de água: infiltração total, infiltração parcial ou sem infiltração. No primeiro tipo toda a água é direcionada ao subleito, no segundo é presente uma tubulação de drenagem para complementar a infiltração e no terceiro tipo a água e direcionada para uma tubulação de drenagem. A escolha entre os tipos depende do tipo de solo e condições de projeto.
Nos requisitos é feita uma importante consideração que frequentemente causa duvidas, que é o fato que 100% da água precipitada sobre a superfície do pavimento e eventuais áreas de contribuição pode ser considerada percolada pelo mesmo. O pavimento permeável realmente pode ser considerado em sua totalidade como “área permeável” e estudos que medem o escoamento superficial gerado por pavimentos permeáveis bem projetados encontra valores próximos a zero. Vale ressaltar que a capacidade de infiltração de um pavimento não é o único fato que influencia na transformação da precipitação em escoamento superficial, sendo importante também a declividade do pavimento, que a norma define com um valor máximo de 5%.
Ainda em requisitos de projeto a norma recomenda as características para os materiais de base, sub-base, rejunte e camada de assentamento, caso necessário. No caso de utilizar material de rejuntamento é importante garantir o coeficiente de permeabilidade do material, sendo obtido principalmente com atenção ao teor de finos, definido na norma como um conteúdo de menos de 2% de material passante da peneira 0,075 mm.
Um outro importante requisito definido na norma é o coeficiente de permeabilidade (k), parâmetro que representa a velocidade de percolação da água em um elemento ou estrutura permeável. Esse requisito deve ser superior a 10-3 m/s para pavimentos recém construídos independentemente do tipo de revestimento. A norma propõe um método de ensaio em campo e um em laboratório para determinar o coeficiente de permeabilidade. O método de ensaio em campo utiliza um permeâmetro de carga variável simplificado e é utilizado também no caso de superfícies com peças de intertravado com infiltração pelas juntas ou pelas áreas vazadas. Para concreto permeável se pode utilizar o método em laboratório com permeâmetro de carga variável proposto na norma ou o método de carga constante mencionado na ABNT NBR 13292.
Quando o pavimento construído apresenta um coeficiente de permeabilidade inferior a 10-5 m/s, determinado conforme ensaio em campo, é necessário executar procedimentos de limpeza com o objetivo de atingir pelo menos 80% do coeficiente de permeabilidade especificado em norma para pavimentos recém construídos (10-3 m/s). Esses procedimentos consistem em retirar detritos na superfície, limpeza com jato de água sob pressão, uso de equipamentos de sucção, e se aplicável, substituir o material de rejuntamento.
São citados também os requisitos de resistência mecânica e espessura mínima para os revestimentos, conforme tabela abaixo:
Resistência mecânica e espessura mínima do revestimento permeável (ABNT NBR 16416)
O texto propõe ainda um método de dimensionamento hidráulico optativo que será discutido em um próximo post.
A ABNT NBR 16416 pode ser adquirida através da ABNT clicando aqui
Mais detalhes da norma podem ser consultados em Marchioni, M., G. Becciu, and C. Silva. “Critical analysis of the Brazilian national standard for concrete permeable pavement.” WIT Transactions on Ecology and the Environment 192 (2015): 443-453.