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Orçamento de Obras: Parâmetros de qualidade para quantificação em obras prediais

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Tenho analisado nestes últimos anos vários sistemas de orçamentos, planejamento e controle de obras, e não consegui (até o momento pelo menos), englobar todas as informações e soluções que envolvam o assunto num único sistema.

Desta forma, me parece que a melhor maneira de se identificar a solução para o orçamento é um conjunto de sistemas interagindo, o qual chamaremos Sistemática de Orçamento.

Não quero desmerecer de maneira alguma nenhum dos sistemas existentes, muito pelo contrário, cada um vem preenchendo tecnologia sobre o assunto. Acontece que o assunto é complexo e depende muito da forma administrativa e técnica que envolve seu uso.

Embora exista norma técnica (NBR-12721) sobre o assunto ORÇAMENTO, falta ainda muito conhecimento e rotina a respeito para que se possa formar um único algoritmo para sua solução global.

Desta forma neste artigo irei discorrer sobre alguns parâmetros de qualidade, objetivando quantificações mais precisas. O primeiro passo será a análise dos desenhos e seus memoriais descritivos, atualmente enviados de forma eletrônica. Recomendo abrir e relacionar todos os arquivos e seus conteúdos.

Enfocando o uso do BIM na tecnologia de quantificação, o passo seguinte é MODELAR estes projetos, objetivando identificações dos serviços e suas quantidades. É bastante conhecido o conceito de que um bom orçamento se fundamenta num bom levantamento de quantidade. É conveniente ressaltar que o detalhamento das quantificações dependerá do tipo de projeto, ou seja, as informações de quantidades serão proporcionais ao seu detalhamento.

Projetos tipo “prefeitura” e anteprojetos demandarão maiores ajustes, que irão sendo confirmados à medida que os projetos sejam mais detalhados. Antes de iniciar qualquer ação de modelagem é fundamental o conceito de “CHECK-LIST”.

CHECK-LIST

O “CHECK-LIST” (nome dado para efeito didático, muito semelhante ao check-list dos aeronautas antes de suas decolagens) servirá para identificar etapas principais da obra, a fim de orientar-nos de termos quantificado a maioria de seus elementos.

Este é o Check-list para obras em prédios de uma maneira geral :

1 – Instalação de Canteiro

2 – Serviços Gerais

3 – Movimento de Terra

4 – Fundações e Infra-estrutura

5 – Estruturas

6 – Alvenarias

7 – Instalações Hidráulicas

8 – Instalações Elétricas

9 – Esquadrias de Madeira

10 – Esquadrias Metálicas

11 – Revestimentos Internos

12 – Revestimentos Externos

13 – Forro

14 – Impermeabilizações

15 – Pavimentações Internas

16 – Cobertura

17 – Vidros

18 – Pintura

19 – Pavimentação Externa

20 – Elevadores

21 – Equipamentos

22 – Diversos

23 – Limpeza

 

Esta classificação inicial permitirá, a partir das leituras dos documentos, “expandir” cada etapa em serviços conforme indicação de projetos.

Ao usar de tecnologia BIM para quantificar, tenho adotado “transformar” este check list em “templates”.

Isto é, formato os LAYERS ou as FAMÍLIAS (Archicad ou Revit) objetivando que as informações produzidas e seus relatórios de quantidades correspondam às etapas do orçamento.

Observe, que, se formatamos os STORY ou NÍVEIS conforme as cotas dos andares, vamos obter as quantidades destas etapas retornando por andar.

Esta forma de quantificação auxilia não só as verificações em tempo de orçamento quanto em tempo de obra, fornecendo informações para “tarefas” e medições.

Quanto mais detalhes, melhor será a quantificação e orientação para a execução, sempre levando em consideração a praticidade executiva.

Na estruturação das listagens, é muito importante a experiência executiva, pois sua análise acarretará maiores ou menores detalhamentos de quantificações, obtendo-se o número ótimo dos serviços de cada etapa.

Ao introduzir a metodologia BIM, as quantificações seguirão o que está definido em projeto.

Para evitar algumas imprecisões, sugiro alguns PARÂMETROS DE QUALIDADE a serem observados, quando da elaboração dos quantitativos, a começar pelas unidades a serem adotadas dos diversos serviços. A PADRONIZAÇÂO evita que um mesmo serviço seja, por exemplo, medido em ml e orçado em m2.

A rotina de levantamento de quantidade exige conhecimento de execução de obras. Desta forma, relembremos alguns conceitos básicos e alguns padrões de qualidade:

1. Ao receber os projetos:

Verificar se estão anexados os memoriais descritivos.

2. Observar:

Nos memoriais descritivos as marcas, metodologia ou materiais especiais.

3. LER as plantas…

E “coordenar” de tal forma a verificar se os projetos de arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica e, detalhes estão referindo-se à “mesma obra“. Atualmente, com o uso dos sistemas de desenhos assistidos por computador (cad), esta coordenação tem sido mais fácil.

4. Inicie as Modelagens pela estrutura.

Principalmente formas, pois irão facilitar nos descontos das alvenarias.

5. Depois…

Modele arquitetura, identificando paredes, pisos e tetos.

6. Estabeleça:

Informações auxiliares para portas e janelas, em m2 e ml de batentes.

7. Ao modelar arquitetura e estrutura: 

MANTENHA A MESMA NOMECLATURA de projeto (mesmos nomes de vigas, pilares, lajes, parede, caixilhos, etc.)

8. Estabeleça uma rotina de modelagem…

E siga-a até o final dos trabalhos. Mudanças no meio do trabalho são desgastantes e improdutivas.

9. Pense sempre…

Que ao terminar uma jornada diária você entrará em férias no dia seguinte, por isso deve deixar suas anotações tão completas quanto possível.

10. Limpeza:

Em geral em m2, cuja área será menor ou igual à área da obra.

11. Retirada de entulho:

Em geral em m3, cujo custo será calculado por viagem de entulho (cerca 5m a 8m2 por viagem). Estimo em 30% do volume da obra (que é um absurdo da improdutividade e desperdício!).

O volume de entulho poderá ser considerado igual ou menor que 30% do Volume de concreto + Volume de revestimento

12. Movimento de terra:

Regularização ou acerto de terreno (altura média de corte até 0,30 m) em m2.

Aterro e desterro em m3, de tal forma que:

V corte x fator de enrolamento (1,2 a 1,30) = Volume de transporte
Volume de Corte = Área x Altura de corte
O volume de reaterro será a diferença entre o volume da vala e os volumes de fundações

13. Fôrmas

As dimensões devem ser tomadas entre pilares para que não ocorra sobreposição de áreas, e as metragens serão sempre desenvolvidas (os sistemas em BIM, já estão “calibrados” para tal).

Tenho adotado usar o fator de utilização na composição de preço unitário. Além disso, os especialistas em fôrmas adotam números que utilizo para verificar os valores nas listagens, por m2 de projeção de laje multiplicada por 2,10(110%) é aproximadamente área de forma.

Esta área divida por 2,98 (quando chapas plastificadas de 18mm) ou por 2,42 (para chapas comuns-1,10×2, 20), e você terá o número aproximado de chapas.

14. Concreto

Pilares: ao modelar, considerar a altura desde a base até o topo da laje.

Vigas: Considerar os comprimentos das partes entre pilares.

Lajes: Considerar apenas as partes compreendidas entre vigas.

Em figuras diferentes, decompô-las em figuras geometricamente conhecidas.

É sempre útil ter alguns valores de verificação como por exemplo:

Para 1 m3 de concreto / de 7 a 12 m2 de forma / de 70 a 100 kg de aço Ca 50

15. Alvenaria, Chapisco, Emboço, Reboco

Alvenarias – nas modelagens, em alvenarias deve ser considerada a parede para cada tipo ou espessura, da seguinte forma:

Alvenarias de 1/2 tijolo

1 tijolo

1 1/2 tijolo

Espelhos

Cuidado, pois ao modelar só arquitetura, os quantitativos de paredes deverão ter os descontos de pilares e vigas. Este cuidado pode ser evitado homogeneizando os projetos de estrutura e arquitetura.

Quando os quantitativos forem em base à planta de prefeituras (ND 100 /200), e não havendo indicações destas dimensões, será conveniente estimar-se as partes estruturais:

Vigas com 0,15 cm de altura e

Pilares com 0,20 m de largura.

Há sempre dúvida quanto às PERDAS. Tenho usado e recomendado que as medidas sejam as reais, deixando as perdas a serem consideradas nas composições de preço.

Chapisco, Emboço e Reboco:

Estas medições sempre ocasionam dúvidas, pois dependem muito do critério de medição da obra de uma maneira geral, é sempre bom lembrar que:

ÁREA DE ACABAMENTO é menor ou igual a 2 X ÁREA DE ALVENARIA
ÁREA DE CHAPISCO = ÁREA DE EMBOCO
ÁREA DE REBOCO = ÁREA DE EMBOCO – ÁREA DE AZULEJOS

Estas “regrinhas” tem sido de muita utilidade numa verificação dos relatórios emitidos pelos sistemas.

Quando se tratar de levantamentos para unidades populares, em quantidades (acima de 100 unidades), é oportuna a seguinte consideração:

O chapisco deverá ser calculado pela área real.

Nas informações dos quantitativos de emboco e reboco, pode haver acréscimos devido aos trabalhos adicionais de requadramento e revestimento das partes internas dos vãos, tenho recomendado considerar estes acréscimo nos índices da CPU (composição de preço unitário), permanecendo as quantidades reais.

16.Impermeabilizações

Em paredes considerar áreas reais (observar se na modelagem foram consideradas as “viradas nas paredes”).

Em alicerces considerar áreas multiplicadas por 1,1.

17.Esquadrias

Quando se tratar de medidas padrão de madeira (portas, janelas) quantificar por unidade.

Em esquadrias metálicas, geralmente por m2 do vão livre.

18. Áreas e Pisos

O piso modelar a partir dos projetos executivos, mas de uma maneira geral:

Área de Piso: modelar entre as paredes e em m². Soleiras em ml.

Área de Piso = Áreas dos Forros

19. Áreas de Cobertura

Para calcular tanto a estrutura da cobertura quanto seu material, considerar a área de projeção horizontal.
Área da Cobertura + Área de Beiral = Área da Projeção do Prédio
Área da Projeção do Prédio = Área de Limpeza

20. Pinturas

Observar que os quantitativos sejam baseados nas áreas e de uma maneira geral.

Área de Pintura será menor ou igual à Área de Paredes.

Esquadrias de madeira: adota-se usualmente o vão luz multiplicada por um fator.

FONTES FATOR
Portas e janelas com batentes: 3
Portas e janelas guilhotinas sem batentes 2
Janelas com venezianas 5
Caixilhos de ferro e ferragens pesadas 2
Estruturas metálicas planas (Área de projeção horizontal) 2
Estruturas madeira em arco (projeção horizontal) 2,6
Estruturas verticais 2
Elementos vazados 5
Terços, caibros, ripas (projeção horizontal) 2

 

Estes 20 parâmetros de qualidade têm sido úteis, principalmente nas VERIFICAÇÕES dos relatórios de quantidades emitidos por listagem, utilizando da metodologia BIM em quantificação.

Com a divulgação e utilização dos relatórios emitidos, uma verificação dos resultados evitará distorções nos resultados dos orçamentos. Aqui fica um começo destes parâmetros, esperando que, ao longo do desenvolvimento do uso do BIM em quantificação hajam muito mais parâmetros a serem adicionados.

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Engenheiro civil formado pela Universidade Mackenzie em 1967, trabalhou inicialmente como engenheiro de obras e diretor de construtora; especializou-se na área de gestão de empresas de construção. Em 1984, fundou o SBD (Sistema Badra de Dados & Associados, escritório do qual é diretor até hoje) para prestar consultoria em elaboração de orçamentos de obras com uso da informática. Na década de 1990, foi coordenador e diretor da divisão de informática do Instituto de Engenharia. Atualmente, é um dos principais defensores do uso do BIM (Build Information Modeling, sistema em que o levantamento de quantidade é feito com base em desenhos tridimensionais) no Brasil. Em 2014 a 2017 Assessor da Presidência no Instituto de Engenharia para assuntos de BIM,Coordenou mis de 70 palestras sobre BIM na Engenharia, Palestrante sobre Orçamento com uso de BIM.2015 Reconhecido pelo IBEC e acreditado por International Cost Engineering Council, como Notório Saber em Engenharia de Custo .Tendo em seu acervo mais de 4 milhões de m² de obras orçadas.

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