Pesquisas recentes, publicadas pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona, em colaboração com a Universidade Exeter no Reino Unido, sob orientação do médico Alejandro Sánchez de Miguel, indicam que o espectro azul na luz artificial está ligado a um “aumento significativo” no risco de câncer de mama e no câncer da próstata.
O estudo descobriu que os participantes que vivem em grandes cidades com exposição intensa a luz azul à noite tinham o dobro do risco de câncer de próstata e 1,5 vezes maior risco de câncer de mama em comparação a populações com menor exposição à luz azul. Quanto maior a emissão de luz que as pessoas nas grandes cidades estavam expostas, maior o risco de câncer. O estudo também descobriu que as pessoas que viviam em casas com aposentos mais escuros, usando blackout, por exemplo, tinham menos risco do que aquelas que não o faziam.
No primeiro estudo deste tipo, os níveis externos de luz artificial foram avaliados com base em imagens noturnas feitas por astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional da NASA.
O estudo, publicado no Environmental Health Perspectives, inclui dados médicos e epidemiológicos de mais de 4.000 pessoas entre 20 e 85 anos de idade em 11 regiões espanholas, examinando particularmente Madrid e Barcelona. A exposição interna à luz artificial foi determinada através de questionários pessoais.
Como diversas cidades estão substituindo a iluminação por leds, todos nós estamos expostos a níveis mais altos de luz azul, muito comum neste tipo de tecnologia que, ao que tudo indica, pode atrapalhar nossos relógios biológicos.
O ser humano evoluiu durante milhares de anos para um ciclo de luz natural solar durante o dia, e um ciclo escuro durante a noite, fato que mudou radicalmente nos últimos 100 anos com a eletricidade e as facilidades conquistadas através dela. Mas todo este conforto pode ter um preço alto na saúde humana.
As pesquisas sobre os impactos da luz no ser humano são extremamente relevantes. Há aproximadamente 60 anos conhecemos o hormônio da melatonina e suas funções. Mais recentemente, entramos em contato com o fotorreceptor da melanopsina em nosso conjunto ocular, responsável pelo controle da produção deste hormônio tão importante para nossa saúde. Para completar, as novas descobertas indicam uma forte ligação da exposição à luz no período noturno e o aumento dos casos de câncer.
Estes dados tornam necessária a investigação sobre a aplicação da iluminação nas cidades, sua tipologia, aspectos como a luz invasiva nas janelas e suas consequências na produção do hormônio da melatonina. Atualmente as imagens de satélite serviram às pesquisas já publicadas, mas vejo a necessidade da coleta de dados em bairros residenciais de grandes cidades, como São Paulo, para determinar possíveis distúrbios, já que sabemos que os ciclos circadianos de claro e escuro afetam a nossa produção hormonal.
Ambos os cânceres de mama e próstata são relacionados a hormônios. Sabe-se também que a luz artificial, particularmente no espectro azul, pode diminuir a produção e a secreção do hormônio melatonina durante o sono.
A melatonina desempenha um papel fundamental na regulação dos ciclos de dia e noite e tem várias outras funções importantes. É, por exemplo, um poderoso anti-oxidante e também tem uma função anti-inflamatória. No entanto, seu papel no câncer de mama e próstata ainda não é compreendido.
Manolis Kogevinas, pesquisador do Instituto de Saúde Global de Barcelona e coordenador do estudo, disse: “A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial de Saúde (IARC) classificou o trabalho noturno como provavelmente carcinogênico para humanos. Há evidências que apontam para uma associação entre a exposição à luz artificial durante a noite, a interrupção do ritmo circadiano e os cânceres de mama e próstata.
“Com este estudo, procuramos determinar se a exposição noturna à luz nas cidades pode afetar o desenvolvimento desses dois tipos de câncer”.
Martin Aubé, professor de física do CÉGEP em Sherbrooke, Canadá e coautor do estudo, disse:
“Sabemos que dependendo da intensidade e do comprimento de onda, a luz artificial, particularmente no espectro azul, pode diminuir a produção e a secreção de melatonina”.
O estudo foi realizado no âmbito do projeto MCC-Espanha co-financiado pelo “Consórcio de Investigação Biomédica em Red de Epidemiologia e Saúde Pública” (CIBERESP).
Ariadna García, pesquisadora do Instituto para a Saúde Global de Barcelona e primeira autora do estudo, diz:
“Dada a onipresença da luz artificial à noite, determinar se aumenta ou não o risco de câncer é um problema de saúde pública”.
“Neste ponto, mais estudos devem incluir mais dados individuais usando, por exemplo, sensores de luz que permitem medir os níveis de luz interna”.
Iluminação é um assunto muito importante, consulte sempre um bom profissional da área.
Grande abraço
Silvia Carneiro
É arquiteta e especialista em Iluminação LED
Titular do escritório de Luminotécnica IRIS um olhar para o Futuro.
Consultoria Luminotécnica em Arquitetura & Sustentabilidade.
Atua em projetos Luminotécnicos e cursos de capacitação.
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