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Robôs na Construção Civil: O que podemos esperar disso?

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robôs na construção civil
Robot

Além das impressoras 3D, outro assunto constante em artigos, palestras e nas redes sociais é sobre o uso de robôs na Construção Civil. Semelhante às impressoras 3D, a maioria das vezes são mostrados enormes robôs estacionários assentando tijolos ou aplicando argamassas de revestimento em paredes. A primeira ideia que nos vêm à cabeça é se faz sentido usar maquinas autônomas e “inteligentes” construindo em um processo arcaico e tão problemático como o nosso atual. Faz sentido o uso de robôs para reproduzir um processo tão anacrônico e de baixa produtividade? Fico com aquela ideia que depois de usar um robô na elevação da parede, viria um segundo robô rasgando-a para introduzir eletrodutos, tubulações elétricas, etc e depois outro “chumbando” esses rasgos e assim por diante…

Da mesma forma que nas impressoras 3D, esses grandes robôs estacionários precisariam ser constantemente realocados com grande dificuldade tendo que passar em portas e janelas, estreitas em prédios de múltiplos andares. Fora o fato que essas máquinas complexas iriam trabalhar na maioria do tempo sob condições severas de intempéries (sol, chuva e poeira).

Dessa forma, é de se pensar que a vocação natural dos robôs seria trabalhar em ambientes mais controlados, sem constantes realocações, como em fábricas de pré-fabricados. Nesses ambientes as peças se movimentariam entre robôs em fases de complementação sucessivas, como hoje é feito na indústria automobilística. Esses painéis ou módulos tridimensionais seriam posteriormente montados em obras com guindastes por trabalhadores especializados. Aliás, no Canada e Estados Unidos já existem fabricas desse tipo montando módulos 3D de banheiros, cozinhas e painéis de fachadas em Light Steel Frame, com altíssima precisão e produtividade.

Pelo menos para os próximos 10 ou 20 anos, não esperem grandes robôs montando edifícios sozinhos ou impressoras 3D imprimindo edifícios. Ambas tecnologias poderão revolucionar a construção de edifícios, mas produzindo componentes que serão posteriormente montados por trabalhadores especializados com ajuda de máquinas de elevação que poderão ser parcialmente automáticas.

Hoje robôs montam carros com pouca interferência humana. Mas carros e caminhões são de pequeno tamanho e peso comparados a casas e edifícios. Antes do uso de robôs fabricando peças de grandes dimensões, podemos ter uma enorme contribuição deles na fabricação de componentes com altíssima produtividade, precisão e baixo custo. Mas para isso precisamos desapegar da construção convencional e seus anacronismos seculares. Temos que mudar nosso processo construtivo e já temos no Brasil a tecnologia disponível para isso. Após essa mudança poderemos começar com pequenas automações em fábricas de componentes e evoluir para formas mais sofisticadas de robotização.

Precisamos mudar nossa mentalidade. Não faz sentido imaginarmos automação e muito menos a robotização empilhando tijolos e espalhando argamassas. Temos que aposentar essas antigas práticas de construção. Torço para um dia usarmos os tijolos apenas como peça de museu ou souvenires para lembrar um tempo que felizmente passou…

 

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Professor voluntário do curso de pós-graduação na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e Consultor no programa de financiamento de projetos da Poli-EMBRAPII. Responsável por todas as atividades de projeto e construção no Brasil na Tishman Speyer por 12 anos. Antes de ingressar na Tishman Speyer em 2005, passou mais de 20 anos liderando as atividades de construção da Encol S / A e da Inpar, duas principais empresas brasileiras de desenvolvimento. Ensinou em cursos no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos. Engenheiro civil pela Universidade de Brasília e mestre em Engenharia estrutural da Escola de Engenharia de São Carlos (USP).

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