A Norma de Desempenho, NBR 15.575, chegou para modificar nossos conceitos de projeto e construção de nossas edificações. O ponto principal desta norma é que ela não é uma norma prescritiva, que fixa tipo e qualidade de materiais, espessuras mínimas, etc…
Assim, cada sistema construtivo preciso atender às prescrições da Norma de Desempenho, além das exigência próprias de cada sistema: NBR6118 para o concreto armado, NBR15961 para a alvenaria estrutural e NBR16055 para as paredes de concreto.
A Norma de Desempenho tem 6 partes. As duas partes principais a serem atendidas são a parte 2 , de estrutura, e a parte 4, de vedações. A grande diferença entre os sistemas é que a alvenaria estrutural e as paredes de concreto já são simultaneamente estrutura e vedação. Assim a nossa grande preocupação é a alvenaria de vedação que vai ser colocada entre as vigas e pilares do sistema convencional de concreto armado.
O primeiro grande problema é que, na maioria das vezes, não existe projeto ou mesmo especificação do que utilizar como alvenaria de vedação. Em consequência, não conheceremos também os detalhes de ligação entre a alvenaria e a estrutura de concreto armado. Temos que trabalhar pensando às vezes na estrutura, às vezes na alvenaria e algumas vezes no conjunto entre elas e outros subsistemas, como esquadrias, revestimento, etc…
Para verificar o atendimento da “Norma de Desempenho, parte 2 – estrutura”, precisamos inicialmente obedecer aos itens da norma prescritiva, a NBR6118. Com isto já garantimos que as tensões e deformações estão dentro dos limites especificado, assim como a vida útil da estrutura de 50 anos.
Em seguida começamos a pensar na “parte 4 – vedações”. Teremos os ensaios mecânicos que deverão ser feitos no conjunto estrutura-vedação: corpo mole, corpo duro, corpo mole na porta, batidas de porta, arrancamento horizontal e arrancamento inclinado. Os ensaios de corpo duro, batidas de porta e os arrancamentos são mais característicos da alvenaria de vedação. Já os ensaios de corpo mole, na parede e na porta dependem dos dois sistemas, pois a alvenaria transferirá os esforços para a estrutura.
Os requisitos de estanqueidade e isolação térmica durante um incêndio são características da alvenaria de vedação. Mas a estabilidade ocorrerá em dois momentos: integridade da alvenaria e depois da estrutura como um todo. Neste caso, assim como no quesito estanqueidade à água, vão ser muito importantes os cordões de assentamento (longitudinal, transversal e vertical) assim como o tipo de ligação da alvenaria com a estrutura ( nos pilares e no encunhamento junto ao fundo das vigas).
O conforto térmico e acústico será sempre caracterizado pelo conjunto de estrutura, mais vedações, mais revestimento , mais esquadrias. É um conjunto muito complexo sendo a alvenaria de vedação e esquadrias os fatores mais determinantes. Já temos alguns fabricantes de esquadrias com produtos ensaiados e com índices determinados. A maior dúvida é que material estamos usando para a vedação e qual o seu comportamento. Em alguns casos de blocos cerâmicos e para os blocos de concreto de vedação normalizados, temos estes valores. Para os demais recomenda-se os ensaios in loco.
Vimos que é muito difícil ter parâmetros prévios para um sistema que pode variar tanto. Temos bons resultados em algumas situações. Mas para a grande maioria do mercado não temos nenhum dado que possa embasar previamente a indicação de utilização de determinado material. As construtoras, neste caso, precisarão fazer os ensaios caso a caso.