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Como Construir uma Carreira Internacional em Engenharia (Parte 2)

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Na primeira parte do artigo falamos de duas atitudes que tem um potencial enorme para te fazer um cidadão do mundo e te colocar em uma carreira internacional. A primeira delas é a oportunidade de cursar uma graduação no exterior e a fluência de um segundo idioma, no caso o inglês.

A pergunta que ficou no ar, para aqueles que não tiveram a oportunidade de cursar a graduação no exterior é a seguinte: como fazer para ter uma carreira internacional tendo o inglês fluente?

Retomando a discussão, se você não pôde cursar uma boa universidade no exterior é muito provável que não conseguirá uma carreira internacional ao sair da graduação. Neste caso você precisará substituir uma formação sólida* por uma experiência significativa na sua área que torna seu perfil único e desejado.

(*sólida aqui é aos olhos do seu futuro empregador no exterior – se você se sentiu diminuído, leia a parte 1 do artigo).

Antes de entrarmos na questão do perfil profissional voltado para o mercado internacional, vamos olhar para o procedimento, ou seja, a questão burocrática para estar apto a trabalhar no exterior.

Saiba que existem somente duas maneiras de você estar legalmente habilitado a trabalhar no exterior. Uma delas é via contrato de trabalho do tipo expatriado e outra é via contrato de trabalho local.

O contrato de trabalho tipo expatriado é aquele que você é contratado no Brasil para prestar seus serviços no exterior. É um tipo de contrato que reconhece que você não possui residência ou visto de trabalho no local da prestação de serviços e por essa razão a empresa geralmente te dá o suporte legal e financeiro para a permanência no exterior.

Neste caso a empresa geralmente o auxilia a conseguir um local para morar, na emissão do visto de trabalho, na questão fiscal no exterior (imposto de renda), na assistência médica e seguros, em algumas viagens de volta para casa, na transferência de parte do seu salário para o seu país de origem, etc.

Contratos de trabalho de expatriados são bem comuns para trabalhos em países com recursos naturais abundantes e escassez de profissionais capacitados para ocupar as posições mais seniores. Para que saiba, existem diversos estrangeiros trabalhando como expatriados no Brasil, principalmente nos setores de mineração, óleo e gás. Logicamente esse número caiu fortemente com a crise, visto que as operações de empresas estrangeiras no Brasil também diminuíram.

Não quero entrar na natureza jurídica de um contrato expatriado mas saiba que a CLT prevê tal situação. O que ocorre é que devido a senioridade do cargo e o desejo de ambos os lados de prevalecer a negociação que foi feita, a grande maioria vai para o exterior contratado como prestador de serviços, a famosa pessoa jurídica (PJ). Neste ponto, cabe uma consulta ao seu contador para entender como você pode economizar em impostos pois você estará exportando seus serviços e isto é passível de benefícios fiscais no Brasil. As exceções aos contratos PJ no exterior são os funcionários de multinacionais brasileiras ou multinacionais com forte presença administrativa no Brasil, que vão para o exterior frequentemente com um contrato CLT ou um mix de CLT e PJ.

Outro tipo de contrato para quem quer ir para o exterior é o contrato local. Ter este tipo de contrato significa que você imigrou (ou irá imigrar) as suas custas para o país de destino e estando lá, já de posse de um visto de residência e/ou de trabalho que você irá providenciar, assumirá uma posição em uma empresa local. Veja que esta condição é completamente diferente de um contrato expatriado. Neste caso você realmente deixa seu país e imigra. Portanto, será contratado de acordo com as leis trabalhistas locais, estará encaixado em uma tabela de cargos e salários locais e o mais importante, vai imigrar e conseguir as autorizações de permanência no país de destino por sua conta e risco. O empecilho, e a maior diferença de um “local” para um “expatriado”, é a questão legal do visto de residência e/ou visto de trabalho. De posse de uma cidadania brasileira, não são muitos os países que vão permitir sua permanência por um tempo prolongado e ainda mais, uma permanência com o intuito de buscar ou assumir um emprego. Isso acontece por uma questão de reciprocidade diplomática e interesses na proteção do mercado de trabalho local de cada país.

Existem excelentes países com déficit de profissionais qualificados e que por consequência possuem programas de imigração qualificada. Há outros mais restritivos que são destinos de estudos por suas universidades de excepcional qualidade e liberam vistos de estudos que permite ao estudante também trabalhar legalmente.

Através dos programas especiais de imigração, um brasileiro, com planejamento e de posse de recursos para tal, pode legalmente imigrar e desenvolver sua carreira no exterior. Entre os países que possuem estes programas destacam-se a Austrália o Canadá, a Nova Zelândia e a República da Irlanda com programas excelentes de imigração qualificada que te dá direito a residência permanente e trabalho integral desde que cumpridas certas exigências. De outro lado, um pouco mais restritivos, podemos citar os Estados Unidos e o Reino Unido como um ótimo destino para estudos e trabalhos temporários com possibilidades de arrumar trabalho permanente e ficar legalmente depois de concluído o curso.

O que muitos profissionais fazem é optar por estudar em uma boa universidade nestes países, fazer uma pós-graduação por exemplo, e durante ou até após a conclusão do curso buscar um emprego que vai facilitar enormemente a obtenção de um visto permanente e/ou de trabalho. Essa com certeza é a melhor e menos complicada maneira de ter uma carreira internacional porque por um lado deixa seu perfil profissional mais atrativo com a pós-graduação e por outro abre a possibilidade de permanência temporária em um outro país que pode se tornar permanente dependendo da sua vontade. O lado ruim? Você precisa colocar dinheiro “upfront” para colher os benefícios depois. Isso inclui a preparação para estar apto a se matricular em um curso no exterior. Geralmente é solicitado algumas comprovações de nível de inglês (TOEFL, IELTS ou TOEIC) ou até mesmo o GMAT que mede sua capacidade analítica, de escrita, verbal e de leitura, logicamente em inglês.

Existem alguns sortudos que possuem uma segunda cidadania de algum país da união europeia por exemplo, o que habilita este profissional a embarcar para qualquer país do Espaço Schengen sem emprego ou sem curso pré-arranjado. Eles podem se mudar somente com dinheiro no bolso e a vontade de trabalhar e/ou estudar. Caso o profissional decida por um país que não seja aquele de sua segunda cidadania europeia, o visto de residente é emitido na hora em todos os países do Espaço Schengen, necessitando apenas de um cadastro no escritório de imigração.

Em suma, se optar por buscar um contrato do tipo expatriado em alguma empresa multinacional, estará optando na maioria das vezes por uma imigração temporária, aquela que vai cobrir uma necessidade curta da empresa fora do Brasil. Após esse período você voltará para seu lugar de origem ou até mesmo poderá ir para um outro país passar mais uma temporada. O contrato local é mais adequado para profissionais que querem realmente fixar residência fora do país por um longo período de tempo ou que até não pretendam voltar.

Sobre o perfil profissional a ser construído por alguém que busca uma carreira internacional vamos ver na terceira parte do artigo muito em breve.

Abraços,

Luiz Junqueira

 

Veja também:

Como Construir uma Carreira Internacional em Engenharia (Parte 1)

Como Construir uma Carreira Internacional em Engenharia (Parte 3)

 

Mora e trabalha em Zurique na Suíça. É diretor de projetos para África Subsaariana nas áreas de infraestrutura, energia, mineração, óleo e gás. Formado em Engenharia Civil pela UNESP (2002), pós-graduado em Engenharia de Produção pela USP (2006) e em Gestão de Projetos pelo ITA (2007). Possui também MBA pela SBS Swiss Business School (2016).

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