Tenho utilizado da ferramenta BIM em orçamentos, para quantificação de projetos na área da engenharia civil. Ainda me surpreendo com o impacto que tal ferramenta proporciona a um engenheiro, criado na rotina cartesiana dos eixos (X,Y) – o conhecimento de uma metodologia que vem apresentar todas as imagens, até então somente imaginadas, pelo treino da geometria descritiva.
À medida em que fui tomando conhecimento, foram se “materializando” as etapas de uma construção, e em segundos, atualmente é possível visualizar todos os projetos e seus detalhes.
Sempre que tenho oportunidade, esclareço que, o orçamento é uma equação de duas incógnitas:
ORÇAMENTO = QUANTIDADE * PREÇO
para sua solução deverá ser “fixada” pelo menos uma delas (como a antiga álgebra nos ensinou). Escolhi fixar as informações de quantidades.
Desta forma, quanto mais informações e conhecimento no início do processo da construção, menos serão as surpresas ao seu final. Isto também se aplica na orçamentação.
Na atualidade, profissionais envolvidos, arquitetos , engenheiros, projetistas, executores, bem como os CLIENTES estão tendo a oportunidade de vislumbrar o produto final, bem antes de acontecer na prática. Para chegar à esta visualização, tem sido necessário passar virtualmente por todos os detalhes e informações construtivas .
Ou seja, os IDEALIZADORES e ORÇAMENTISTAS, em tese, devem ter a mesma visão do PRODUTO e estarem alinhados em sua forma com as expectativa do CLIENTE. Como tenho resolvido estas questões?
Tenho usado da leitura eletrônica para quantificar, usando de tecnologia BIM , com relativo sucesso nas precisões dos QUANTITATIVOS.
Ao desenvolver estes conhecimentos fui criando alguns conhecimentos fundamentais para não frustrar a mim mesmo, ou culpar os softwares de não ter obtido o resultado (retorno) esperado e que venho expondo, em todas as oportunidades que me é possível, como PRINCÍPIOS. São eles:
Primeiro Princípio – As quantidades são espelhos dos projetos.
Para atender tal princípio, há algumas condições fundamentais:
- Que os projetos sejam entendidos – Será necessário a possibilidade de ver os projetos em 3D e em 360 graus, tanto verticalmente como horizontalmente. Além de ser possível entrar virtualmente nos ambientes e promover alterações em tempo real, simulando as etapas construtivas, com sequências executivas e objetivos bem definidos (o que se denomina construção virtual). Vale lembrar que a etapa de criação de um projeto passa por, pré- projeto, projeto legal, projeto básico e os projetos executivos (hoje, com a tecnologia BIM, identificadas por ND, de 100 a 500). As respostas das quantificações seguirão os níveis das informações dos projetos, e, supõe-se completas para cada etapa.
- Que os projetos estejam finalizados – A visualização do projeto em 3D contribui para a verificação do projeto, evitando distorções de custo, decorrentes da ausência de informações.
- Que os projetos sejam expressos em números, textos e desenhos – Em cada etapa da construção virtual que irá ser quantificada, os elementos projetados deverão, além das peças gráficas, estarem disponíveis numericamente (esta é a principal condição da tecnologia BIM, para orçamentação).
Assim, no pré-projeto (ND 100) serão quantificados elementos disponíveis neste nível de informação. Nos básicos (ND 300/350/400), as informações numéricas serão mais detalhadas e expressas numericamente e, assim sucessivamente com relação às informações numéricas do Executivo (ND500). Ainda não se sabe a forma de colocar informações de um pré-projeto (ND100) e quantificar como executivo (ND 500).
Segundo Princípio – Os instrumentos das informações que usamos são meios, não fins.
Para o conforto, ou desconforto, de qualquer início de utilização de um instrumento, é sempre bom lembrar que o importante é o RESULTADO. Assim ao usar um software com tecnologia BIM, não queira dominar sua operação ao extremo, mesmo porque não vai conseguir, mas tenha em mente quais as “ferramentas” que nele existe, para sua finalidade. Resumindo:
Arquitetos e Projetistas, as “ferramentas” serão voltadas principalmente para criação,
Engenheiros as “ferramentas” serão voltadas principalmente para os dimensionamentos, aos
Engenheiros orçamentistas as “ferramentas” serão voltadas principalmente às quantificações.
E posso assegurar que com a Tecnologia BIM, é possível distinguir bem essas finalidades. De nada adiantará querer dominar TODAS as ferramentas, ser um expert de operação de software, se sua finalidade não for respondida.
Assim o que estou abordando aqui, é o conhecimento que o engenheiro orçamentista deve ter, dos quantitativos da obra, dentro de uma razoável precisão.
Terceiro Princípio – Ao utilizar qualquer programa (software), o arquiteto, o engenheiro, o orçamentista e o cliente, não precisam ser programadores, ou analistas de sistemas, mas simples mortais com suas especialidades técnicas.
Se, ao operar um sistema, for necessário o domínio de programação, ou análise de sistema, desista deste software. Aprendi a muito custo a atentar para as informações de entrada e, conferir as informações saídas, tendo conhecimento de ordem de grandeza e conceitos técnicos, de forma a avaliar tais informações. Mas fique atento, muitas vezes, um simples erro de digitação, ocasiona incompatibilidades identificáveis somente por conhecimento técnico.
Quarto Princípio – Os programas (softwares) devem ser ágeis, permitir simulações e fornecer esperados rapidamente.
Os resultados obtidos, quando não estão dentro das expectativas numéricas, devem ser facilmente operáveis, para reeditar as informações ou modificá-las rápida e agilmente.
Quando os passos para o retrabalho for igual ao inicial, sugiro duas formas de resolver, ou verificar uma ferramenta existente, não identificada e que esteja disponível, ou então a troca de software.
Espero que esses princípios contribuam para aliviar as “neuras” dos uso dessa tecnologia. No próximo artigo desse Guia Prático sobre BIM, abordarei o que se tem e o que se quer com o BIM.
Até lá!
Pedro Badra