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Qualidade da água de escoamento superficial

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Vamos falar sobre escoamento superficial e a qualidade da água. Os longos períodos de estiagem impactam enormemente os centros urbanos. Notamos a cidade suja, aumentam os casos de doenças respiratórias e até chegar a chuva o problema persiste. Quando chove tudo então é levado embora com a água. Mas o que isso diz sobre a qualidade dessa água que lavou a cidade?

Quando chove, parte da precipitação se transforma em escoamento superficial, que ao escoar promove uma lavagem das superfícies, levando junto os materiais particulados produzidos principalmente pelos automóveis, resíduos orgânicos como folhas e excrementos de animais e quaisquer outros resíduos que estejam na superfície. Esse tipo de poluição é conheço como poluição difusa, quando não se identifica uma fonte discreta.

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No Brasil normalmente se adota um sistema chamado rede mista, onde existem redes coletoras separadas para drenagem da água da chuva e esgoto, dessa forma a água proveniente do escoamento superficial vai para a rede de drenagem onde seria destinada sem tratamento aos cursos d’água. Porém, como se pode ver na tabela abaixo, na realidade a qualidade da água de escoamento superficial não é muito diferente da água de esgoto.

 

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Mesmos nos países onde se adota a rede única, ou seja, toda a água de escoamento da chuva e esgoto doméstico são coletados juntos e destinados ao tratamento de água, em eventos de chuva de grande intensidade, quando se ultrapassa o limite da estação de tratamento de água, pode acontecer da água ser destinada sem tratamento.

Mais um motivo para a adoção dos sistemas de drenagem urbana sustentáveis, que atuam também na qualidade de água, como o pavimento permeável, que funciona como um filtro, ou os reservatórios de primeira chuva. Diversos estudos comprovam que o pavimento permeável pode ajudar a reduzir a poluição da água em níveis de cerca de 90% ao reter o material particulado.

Em um país como o Brasil em que apenas 50% da população tem acesso à rede de esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil, ainda temos um longo caminho para percorrer, mas é importante ter em mente que não basta tratar apenas a água proveniente de esgoto doméstico e industrial para garantir uma qualidade satisfatória nos nossos rios e cursos d’água.

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Pesquisadora no Politecnico di Milano na Seção de Ciência e Engenharia da Água (SIA) do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DICA). Atua como consultora e projetista na área de drenagem urbana, principalmente com os pavimentos permeáveis. Foi engenheira na área de mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland sendo responsável pelo projeto pavimentos permeáveis e outros projetos ligados à sustentabilidade de sistemas construtivos. Participou da elaboração da norma brasileira de pavimentos permeáveis de concreto (ABNT NBR 16416). Lecionou no curso de arquitetura do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas.

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